Em maio do ano passado, na pré-campanha para a prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Lula foi ao programa do Ratinho, apresentador do SBT, e abriu uma única possibilidade para sua eventual volta à presidência da República: "se Dilma não quiser". "Mas e se ela não quiser?", insistiu Ratinho.
Lula respondeu: "A única hipótese de eu ser candidato é se ela não quiser, eu tenho dito. Na possibilidade de ela não querer, não vou permitir que um tucano volte ao poder no Brasil."
A nova pesquisa Datafolha, que apontou queda de 27 pontos na aprovação da presidente Dilma Rousseff, fará com que Lula seja cada vez mais cobrado, dentro do PT e também por partidos da base aliada, a cumprir sua promessa.
O estrago das manifestações na popularidade de Dilma foi grande e é provável que o Datafolha também tenha feito uma pesquisa sobre intenção de voto, a ser divulgada neste domingo.
A se confirmar a tendência de deterioração no quadro político, é possível que o Datafolha já indique a possibilidade de um segundo turno – e não mais uma vitória de Dilma em primeiro turno, como se previa.
Em viagem à África, Lula hoje parece mais preocupado em preparar terreno para um eventual Prêmio Nobel da Paz do que com uma possível volta à presidência da República.
Além disso, ele sabe que, para o PT, não será simples a construção de um discurso para sua volta. Uma coisa, por exemplo, seria Dilma desistir da reeleição num quadro favorável – e alegar razões de natureza pessoal. Outra, ser substituída num momento de dificuldades.
Por isso mesmo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável presidenciável tucano, tem dito a aliados que não acredita na volta de Lula. "Como ele vai explicar para o povo que a escolha dele deu errado?", tem questionado. Nas próximas semanas, no entanto, esse debate será cada vez mais explícito.
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