quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Evo Morales pede que o Brasil 'devolva' senador à justiça boliviana

Evo Morales
O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta quarta-feira (28) que o Brasil "devolva" o senador oposicionista Roger Pinto Molina à Justiça boliviana, para "contribuir com a luta contra a corrupção".

"É importante devolver Roger Pinto à Justiça boliviana e que ele seja julgado como qualquer autoridade que esteja envolvida em casos de corrupção", disse Morales em entrevista.

O presidente boliviano afirmou que é importante que o Brasil explique como ocorreu a fuga do senador, que estava refugiado na embaixada brasileira na Bolívia, em La Paz.

Foi a primeira referência direta de Evo Morales sobre a crise diplomática.

"É importante que o governo do Brasil explique o motivo dessa operação, e estamos esperando uma resposta oficial à nota diplomática mandada pela chancelaria boliviana" à embaixada do Brasil no país, disse.

Ele também lamentou o uso indevido de veículos diplomáticos que facilitaram a fuga do senador.

'Na fronteira'

'Eu poria esse corrupto na fronteira", declarou Morales, argumentando que é o que faria se a Bolívia se encontrasse diante um caso parecido.

"Na luta contra a corrupção, é preciso tomar decisões políticas", disse.

Ele insistiu na versão de que o senador oposicionista não é um perseguido político e que sua fuga é uma prova de que é um "delinquente confesso".

O presidente pediu ao Brasil que cumpra os acordos internacionais em termos de asilo e anunciou que sua equipe jurídica analisará seriamente o tema do desrespeito a esses acordos.

O governo boliviano assegura que Pinto atualmente é um "foragido da justiça".

Mas ele garantiu que o senador tem todas as garantias para assumir sua defesa em território boliviano.

'Grupos conservadores'

Morales denunciou a suposta ação de "grupos conservadores" brasileiros que "querem criar enfrentamento entre a Bolívia e o governo brasileiro. "Querem criar desconfiança", disse.

Mas, segundo o presidente boliviano, o "grau de confiança" que existe entre os dois países vai fazer com que os assuntos sejam resolvidos "oportunamente".

Sobre a versão de que a saída de Pinto ocorreu porque sua vida corria risco na embaixada, Morales disse que Pinto nunca esteve em perigo e podia se mover pelo país, mas não deixá-lo.

O senador nega as acusações e afirma que sofre perseguição política.

Relatório

Enquanto isso, o governo da Bolívia aguarda um relatório oficial do Brasil sobre a fuga do senador, para então decidir que providências tomará.

"O governo boliviano vai esperar pela resposta que o Estado brasileiro tem a nos dar antes de tomar qualquer atitude", declarou o embaixador boliviano em Brasília, Xerxes Justiniano, ao canal de televisão estatal.

"Quando nós, como Estado, soubermos oficialmente o resultado da posição do governo brasileiro, vamos agir em conformidade", afirmou o diplomata boliviano.

Justiniano informou que fez "uma solicitação ao embaixador Antônio Simões (subsecretário para as Américas e o Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil) para ser informado, por escrito, da resposta oficial do Estado em relação ao pedido de esclarecimento que foi feito".

G1

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