sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Reforma política: grupo sem pauta.

Criado há mais de um mês para apresentar uma proposta de reforma política, após líderes governistas e de oposição descartarem a proposta de plebiscito da presidente Dilma Rousseff, o grupo de trabalho da Câmara não conseguiu sequer definir o que será votado. Isso reforça a tese de que as mudanças não valerão para as eleições do próximo ano.

Em mais uma reunião sem resultados, ontem, integrantes do grupo externaram preocupação com a demora do Congresso em dar respostas aguardadas pela sociedade. 

Enquanto isso, grupos da sociedade civil tentam mobilizar a sociedade para cobrar a aprovação de uma reforma política para valer já nas eleições de 2014.

Esses grupos estabeleceram o tema como mote das manifestações do Sete de Setembro; um dos pontos de maior apelo popular deverá ser o fim da contribuição de empresas para as campanhas eleitorais. 

Capitaneados pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), grupos da sociedade civil vão intensificar a campanha nas próximas duas semanas.

- Dá para votar antes de outubro, não podem alegar que é preciso amadurecer mais o debate, a reforma já vem sendo debatida há 20 anos. A sociedade quer para já. O que falta é vontade de fazer - criticou um dos coordenadores do MCCE, juiz Márlon Reis.

Antes mesmo do início dos debates, o coordenador do grupo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), avisou que seria difícil aprovar alguma medida para valer em 2014. Ontem, sugeriu o início das votações só em outubro, mas foi voto vencido. O acerto é começar em setembro.

- Antes, vamos decidir qual será o primeiro tópico a ser votado. Para acertar ou para errar - afirmou o deputado Esperidião Amin (PP-SC).

O deputado Guilherme Campos (PSD-SP) emendou:

- Temos que encontrar um ponto em comum. Todo mundo está angustiado. Parece que a gente conversa, conversa e não sai do lugar.

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que já integrou várias comissões de reforma política, propôs começar a votação pelo tipo de sistema eleitoral:

- Eu já disse que essa comissão tinha sido criada para não funcionar e percebo hoje que não há vontade de deliberar já. Essa comissão foi criada para dar uma satisfação à opinião pública, e ninguém gosta de ser enganado.

Vaccarezza reagiu, afirmando que é contra votar de afogadilho, mas aceitou começar em setembro. O deputado Marcos Pestana (PSDB-MG), assim como Vaccarezza, também pediu calma:

- Não dá para ter açodamento. Vamos discutir com calma para não criar expectativa errada na população.


O Globo

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