sábado, 29 de junho de 2013

A rebelião

Esnobados sistematicamente pelo Planalto, os líderes aliados na Câmara estão vendendo caro o apoio ao plebiscito. Durante mais de quatro horas, ontem, a presidente Dilma teve que ouvi-los. 

Sob a batuta do 'execrado' líder do PMDB, Eduardo Cunha, fizeram beicinho os líderes Arthur Lira (PP), André Moura (PSC), Jovair Arantes (PTB), José Guimarães (PT) e outros petistas influentes na bancada. 

Emergência na madrugada

A armação contra o plebiscito teve início na noite de anteontem, na residência do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB). Lá os líderes Eduardo Cunha, Arthur Lira e Ronaldo Caiado (DEM), vociferavam: “O plebiscito é contra o Congresso”. 

A indignação foi levada até ao vice, Michel Temer, que telefonou para o ministro Aloizio Mercadante, sensível ao drama. O petista, aturdido, acionou, na madrugada, o presidente do Senado, Renan Calheiros, o líder Eunício Oliveira (PMDB) e José Sarney. Estes foram bater às portas do Jaburu para evitar o recuo, do também magoado, Temer e mantê-lo alinhado.

Eduardo Braga, Líder do governo no Senado (PMDB-AM), sobre a complexidade do plebiscito sobre reforma política: “Nós não devemos subestimar a capacidade dos eleitores e do povo e nem da nossa tecnologia eleitoral”

Gargalhadas no Planalto

Após defesa do financiamento público por Rui Falcão, Benito Gama contou em voz alta, história sobre palestra cochichada por Eduardo Campos. Nela, um jovem disse: “Vem cá, vocês agora não estão querendo nem pagar suas campanhas?”.

Os pais da ideia

A proposta de promover uma Constituinte Exclusiva e um plebiscito para fazer a reforma política foi adotada pela presidente Dilma, no domingo num encontro com os ministros Aloizio Mercadante (foto) e Paulo Bernardo. Relutante, a presidente adotou a tese da Constituinte, que abandonou diante da rejeição do Congresso.

A voz das ruas

O senador Sérgio Petecão contou que no Acre a Assembleia mudou o horário oficial. Ouvido, em referendo, o povo disse não. O retorno ao horário não foi regulamentado ainda. Vigora o derrotado. “O gigante acordou e está possesso”, finalizou.

O referendo

A maioria dos presidentes de partido detonou o referendo. A presidente Dilma lembrou que as ruas queriam respostas “o mais breve possível”. O governador Eduardo Campos reforçou: “O plebiscito é a saída mais rápida”. 

Gilberto Kassab, presidente do PSD, completou: “O que o Congresso decidir vai ser derrotado. O eleitor vai dizer não! Não! Não! Vai ser uma desmoralização”.

Barraco trabalhista

O presidente do PDT, Carlos Lupi, está irritado com o que chama de “hipocrisia” do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Afirma: “O partido o representava quando lhe deu legenda para concorrer à Presidência, agora não serve mais?”. 

A explicação

O deputado Marcus Pestana (MG) justifica o PSDB por não ter votado nos 100% dos royalties para a educação, como prega seu Manifesto. Diz: “Mudou a base de cálculo. O Senado vai cortar? Dilma vai vetar? Esta foi a lógica da oposição”.

Projeções de ministro do TSE indicam que realizar o plebiscito deve custar R$ 2 bilhões. O referendo do desarmamento custou cerca de R$ 1,3 bilhão.

ILIMAR FRANCO

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