terça-feira, 18 de junho de 2013

Jovens fazem cerco a todas as instâncias do poder

O poder foi cercado. Nas principais capitais do País, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, os estudantes, em grande maioria, tomaram avenidas, pressionaram às portas centros de poder como o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, a Assembleia Legislativa (RJ) e o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para dizer algo que soa como uma forte critica generalizada a "tudo o que está aí". 

Um basta na forma de mais de 300 mil jovens nas ruas em todo o País. Também ocorreram passeatas numerosas em Belo Horizonte, onde houve conflito com a Polícia Militar, Fortaleza, Vitória, Maceió, Belém, Salvador, Curitiba, Porto Alegre. Há manifestações também em Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Indaiatuba (SP) e Juiz de Fora (MG).

Por volta das 21h, uma parte da marcha que caminhava por São Paulo chegou ao portões do Palácio do Governo de São Paulo. Estudantes chegaram a empurrar as grades, repetindo uma cena de décadas atrás, quando professores em greve derrubaram parte da proteção. 

Uma pequena bomba chegou a ser jogada nos jardins da sede do governo. A tensão continuava até perto da meia-noite, quando um pequeno grupo ainda encarava a guarda reforçada pela Polícia Militar. Mais cedo, a Avenida Paulista estava tomada pelas passeatas, assim como a Rua Augusta. 

Em Brasília, o vice-presidente do Congresso, André Vargas (PT-PR), resolveu, também depois das 21h, ir pessoalmente ao edifício que, sob resistência da polícia, os estudantes tentaram tomar. 

A luta de posições chegou até a chapelaria da Câmara, tradicional porta de entrada dos políticos, funcionários e visitantes. A Polícia Militar usou gás de pimenta para fazer os manifestantes recuarem, mas estes respondiam com o arremesso de garrafas com água. 

No Rio de Janeiro, os estudantes conseguiram chegar à escadaria da Assembleia Legislativa, de onde lançaram bombas e morteiros na direção da Policia Militar, que respondeu com gás. Dezenas de policiais se feriram e necessitaram de resgate médico no local.

Em Porto Alegre, a marcha estudantil também entrou para o terreno do vandalismo. A partir das 18h, os estudantes tomaram a principal avenida da cidade, a João Pessoa. Em seguida, houve quebra-quebra. Uma loja de motocicletas foi invadida e toda mercadoria, derrubada. 

A Polícia Militar precisou da cavalaria para enfrentar as barricadas montadas pelos estudantes. Tiros com balas de borracha foram disparados às dezenas. O centro da cidade ficou parcialmente destruído. Contêineres de lixo focram queimados. A situação era um verdadeiro tumulto às 22h.

Protestos

O que começou como marchas de protesto contra aumentos nas tarifas de ônibus se ampliou, agora, na forma de passeatas de protesto contra o establishment – conjunto de instituições que compõe o poder formal. 

Não estava combinado, por exemplo, que a marcha em Brasília deveria se dirigir ao edifício do Congresso Nacional, primeiro, e ao Palácio do Planalto, em seguida, mas foi o que se deu, com milhares de jovens gritando contra a corrupção.

Em São Paulo, a marcha que deveria sair de Pinheiros para a Avenida Paulista se dividiu de modo a um grande grupo de manifestantes rumar em direção à sede da Rede Globo, fechando no trajeto a avenida Marginal e, desse modo, asfixiando o trânsito pesado da hora do rush. No alto da ponte Estaiada, mirando dali a sede da Rede Globo, milhares de jovens pararam para cantar o Hino Nacional.

Noutra frente, com palavras de ordem diversas, pelo menos 60 mil estudantes tomavam pacificamente a Avenida Faria Lima, uma das mais elegantes da capital, e subiam para a Avenida Paulista, por volta das oito da noite. 

Lá, no endereço que representa o poder financeiro do Estado mais rico da federação, tudo poderia acontecer. A tropa de choque da PM estava mobilizada para entrar em ação ao primeiro sinal de tumultos.

No Rio, quando cem mil jovens tomavam a Avenida Rio Branco, no centro da cidade, a violência estourou também por volta das oito horas. As escadarias da Assembléia Legislativas foram ocupadas e, deibaixo das pilastras do prédio histórico, fogo foi ateado. Antes, um automóvel fora explodido.

O que está sendo questionado é o poder e as instâncias que o representam.

Brasil 247

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