quinta-feira, 13 de junho de 2013

Lula segue hegemônico no PT e só pensa na candidatura à sucessão de Dilma em 2014

Desde sua criação, o PT sempre teve dois grandes líderes: Lula e José Dirceu. Formavam uma dupla fortíssima – Lula tinha a força política e trabalhista; Dirceu tinha o talento e a formação intelectual.

Lula aceitou a divisão de poder com Dirceu, mas sempre almejou a hegemonia. Líder guiado pela intuição, sem grande bagagem cultural, Lula se incomodava com essa partilha do poder e acabou sendo beneficiado pela crise do mensalão, que fulminou Dirceu e preservou o presidente, que foi poupado pelo denunciante Roberto Jefferson, sem motivo algum, vejam que sorte tem esse homem.

Na verdade, Lula jamais deu força a nenhum dos intelectuais do PT, a começar pelo economista Aloizio Mercadante, que em 2002 o auxiliou demais na formação do governo, ajudando a montar a equipe econômica. 

Na época, a pretexto de preservar a “governabilidade”, Antonio Palocci teve apoio de Lula para alijar Mercadante do Ministério da Fazenda. (Na, verdade Lula considerava Mercadante uma ameaça futura na disputa interna pelo poder no PT e tudo fazia para evitar a ascensão dele no partido).

Palocci (caseiro) e Dirceu (mensalão) foram afastados do governo, Mercadante ficou em terceiro plano, como líder, e Lula ficou verdadeiramente hegemônico no governo e no PT. Deu graças a Deus, porque Dirceu e Palocci eram lideranças em ascensão no PT e podiam ameaçar seu predomínio.

PLANTANDO UM POSTE…

Quando teve de afastar José Dirceu e nomeou Dilma Rousseff para a Casa Civil, Lula mais uma vez preteriu Mercadante. E depois acabou optando por Dilma como candidata à sucessão em 2010, pegando o partido de surpresa. Mas qual é o petista que discute uma ordem de Lula.

Nesse ponto, colocar um poste na cabeça de chapa era um risco programado. Se Dilma ganhasse a eleição, a vitória seria atribuída a Lula, claro. Se ela perdesse, a derrota seria dividida entre ela, seu mentor Lula, o PT e os méritos de Serra.

Na verdade, com Dilma ganhando ou perdendo, para Lula não havia muita diferença, pois ele só pensava em 2014, quando sairia novamente candidato à Presidência, em qualquer uma das hipóteses.

GOVERNO “LULA ROUSSEFF”

No princípio, o Brasil experimentou um governo Lula Rousseff. Desde a eleição, ficou bem claro que era ele quem mandava, todos os ministros foram nomeados com seu aval, Dilma não apitava nada. 

Mas o problema é que Lula teve o câncer, sua candidatura parecia difícil de acontecer, e o poste resolver criar raízes, parou de consultar Lula e assumiu a candidatura à sucessão, ao invés de abrir espaço a seu criador.

Hoje, Lula já não manda no governo e anda como Marcel Proust, em busca do tempo perdido. Por isso, está se reaproximando dos antigos companheiros que se desligaram dele nos últimos anos.

Dilma joga todas as fichas no segundo mandato, mas sabe que é inteiramente improvável que o PT lhe garanta legenda, se Lula quiser disputar. E ele não pensa em outra coisa.

Lula podia anunciar logo a candidatura, mas só vai fazê-lo depois de outubro, quando se esgotará o prazo para Dilma trocar de partido, caso pretenda disputar a reeleição. 

É o prazo fatal também para o ministro Joaquim Barbosa se filiar a algum partido. Como diziam Cazuza e Arnaldo Brandão, “o tempo não para, não”.

Carlos Newton

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