terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifestantes reagem à presença de partidos políticos.

Os manifestantes que voltaram às ruas ontem rechaçaram a presença de partidos políticos que, desde o início da onda de protestos contra os aumentos das tarifas de passagens, estavam à margem desses atos. 

Ontem, no início da manifestação no Rio, houve um princípio de tumulto entre representantes de partidos políticos, que começaram a vaiar uns aos outros, mas foram rechaçados.

- Nenhum partido tutela esse protesto - afirmou um dos coordenadores da manifestação, do alto do carro de som.

Entre os manifestantes era possível ver cartazes que diziam "Nenhum partido me representa". Muitos manifestantes tentaram convencer os integrantes de partido a recolher as bandeiras, sem sucesso.

Em Brasília, um militante da juventude do PT foi hostilizado pelos manifestantes que ocuparam o Congresso. Pedro Henrichs, da direção da juventude do partido no Distrito Federal (DF) assumiu a negociação com a Polícia Legislativa da Câmara, e ao sair por uma das principais entradas do Congresso, a Chapelaria, e se deparar com os ativistas, foi vaiado e duramente repreendido. Ele negociava a entrada no prédio e vestia uma camiseta que o identificava como integrante da ala jovem do partido.

- Tira essa camisa, você não nos representa - gritaram os manifestantes para o militante petista.

A grande maioria dos manifestantes gritava palavras de ordem contra os partidos e contra diversos políticos, entre eles contra a presidente Dilma Rousseff.

- Eu sei que somos minoria, mas esses manifestantes ainda começam a engatinhar e experimentar a democracia. É uma meninada de 17, 18 anos - disse Pedro Henrichs.

Depois das vaias e da hostilização, o dirigente da juventude do PT se afastou da multidão.

Em São Paulo, somente após a repercurssão dos atos da semana passada os partidos começaram a engrossar sua participação nas manifestações. O movimento ganhou as ruas da capital paulista com a força virtual dos usuários da internet, em redes sociais, sem apoio partidário. 

E, se antes apenas uma bandeira ou outra tremulava entre os manifestantes, ontem o movimento atraiu lideranças nacionais do PSOL e do PSTU; caravanas do PT foram organizadas do interior para a capital e até militantes do PSDB, à revelia do partido, juntaram-se à multidão.

Presidente nacional do PSOL, o deputado Ivan Valente participou ontem pela primeira vez do ato em São Paulo. Disse que o partido tem tido militantes nas ruas desde a primeira passeata e considerou natural um crescimento da adesão do partido uma vez que o protesto ganha força.

- O PSOL participa do MPL (Movimento Passa Livre) em vários estados. O MPL não nasceu agora. Mas esse é um movimento autônomo - afirmou Valente.

O presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida, também foi a uma passeata do MPL pela primeira vez ontem. No PT, o movimento tem despertado o interesse da ala mais à esquerda. 

Diante do crescimento rápido dos atos, o grupo da Juventude do PT de São Paulo decidiu na semana passada aderir ao grupo dos estudantes, apesar de o prefeito Fernando Haddad (PT) ser um dos alvos dos manifestantes.


O Globo

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