A reboque das manifestações estudantis que varrem o País e vão sendo responsáveis pela revogação de aumentos nas passagens de ônibus em praticamente todas as grandes cidades brasileiras, o Partido dos Trabalhadores terá dificuldades de recuperar o espaço perdido.
Em muitas das 180 mil confirmações de presença, feitas pela internet, para a manifestação desta tarde, a partir das 17h00, no extremo da Avenida Angélica com direção à Avenida Paulista, o PT é criticado como "oportunista", "conservador" e "equivocado" em relação ao movimento.
Organizador das marchas, que alcançam hoje a sétima versão, o Movimento Passe Livre se considera sem compromisso com nenhum partido político. Hoje, uma de suas líderes frisou que a vitória da revogação da tarifa paulistana "não é do PT".
"Somos apartidários, o que não quer dizer que sejamos contra o partidos políticos", disse nesta quinta, em concorrida entrevista coletiva, a estudante Mayara Vivian, da coordenação do MPL. "Mas uma coisa é clara: essa vitória não é do PT". Ressalvou, no entanto, que "todos são bem-vindos ao ato".
Mayara, porém, considerou "um equívoco" a iniciativa de militantes do PT de convocarem uma concentração de militantes do partido a poucos metros, no mesmo horário, hoje, do ponto inicial da marcha do MPL. Essa situação pode colocar em conflito os dois grupos.
O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que "o partido vai para a rua hoje", mas criticou a convocação de uma concentração petista em separado. "Esse não é um ato avalizado pela direção nacional", disse Falcão.
Abaixo, nota do Movimento Passe Livre sobre a revogação no aumento das passagens de ônibus:
Nota do MPL:
A cidade não esquecerá o que viveu nas últimas semanas. Aprendemos que só a luta dos de baixo pode derrotar os interesses impostos de cima. A intransigência dos governantes teve de ceder às ruas tomadas, às barricadas e à revolta da população.
Não foi o Movimento Passe Livre, nem nenhuma outra organização, que barrou o aumento. Foi o povo.
O povo constrói e faz a cidade funcionar a cada dia. Mas não tem direito de usufruir dela, porque o transporte custa caro. A derrubada do aumento é um passo importante para a retomada e a transformação dessa cidade pelos de baixo.
A caminhada do Movimento Passe Livre, que não começa nem termina hoje, continua rumo a um transporte público sem tarifa, onde as decisões são tomadas pelos usuários e não pelos políticos e pelos empresários.
Se antes eles diziam que baixar a passagem era impossível, a revolta do povo provou que não é. Se agora eles dizem que a tarifa zero é impossível, nossa luta provará que eles estão errados.
Por uma vida sem catracas!
Movimento Passe Livre São Paulo
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