quarta-feira, 19 de junho de 2013

Rui Barbosa bradava contra a Justiça tardia.

O ministro e o procurador-geral discutem sobre o fim da Ação 470, também conhecida como mensalão. Para Toffoli, 2015. Roberto Gurgel, ainda em 2013. De qualquer maneira, angústia geral. 

Da opinião pública, que chegou a enxergar uma luz no fim do túnel judiciário. Dos julgados, que não sabem o que acontecerá. Dos magistrados que se contradizem, se confundem, ficam na incerteza com as mudanças no Tribunal.

Ministros novos que entram no meio (Savascki) e quase no fim (Barroso), do procurador-geral, que acaba o mandato em agosto. E o próximo, que na certa quer participar (digo isso há meses), quem será?

Tudo isso leva à falta de Justiça (ou “Justiça tardia”, como dizia Rui, e o Millôr proclamava de outra forma). Leiam logo abaixo o que escreviam os dois, Rui em 1899, o Millôr em plena ditadura. 

Esqueçam a indenização da Tribuna, que não sairá nunca, quase completando 35 anos, e não quero escrever sobre isso. Seria um LIBELO diário contra tribunais e magistrados.

RUI: “JUSTIÇA TARDIA NÃO É 

JUSTIÇA”. LEIAM ESTE TEXTO DELE

“De Anás a Herodes o julgamento de Cristo é o espelho de todas as deserções da justiça, corrompida pela facções, pelos demagogos e pelos governos. 

A sua fraqueza, a sua inconsciência, a sua perversão moral crucificaram o Salvador, e continuam a crucificá-lo, ainda hoje, nos impérios e nas repúblicas, de cada vez que um tribunal sofisma, tergiversa, recua, abdica. 

Foi como agitador do povo e subversor das instituições que se imolou Jesus.

E, de cada vez que há precisão de sacrificar um amigo do direito, um advogado da verdade, um protetor dos indefesos, um apóstolo de idéias generosas, um confessor da lei, um educador do povo, é esse, a ordem pública, o pretexto, que renasce, para exculpar as transações dos juízes tíbios com os interesses do poder. 

Todos esses acreditam, como Pôncio, salvar-se, lavando as mãos do sangue, que vão derramar, do atentado, que vão cometer. 

Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de estado, interesse supremo, como quer te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! 

O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde” – Rui Barbosa, em “A Imprensa, 31 de março de 1899.

MILLÔR, CURTO E DEFINITIVO

Em plena ditadura, no bravo e indomável Pasquim: “A Justiça FARDA mas não TALHA”. Os ditadores de plantão fingiram que não entenderam . 

Mas em 1970, no auge da repressão (Desculpem, a repressão sempre esteve no AUGE, a partir de 1964), prenderam os 12 do Pasquim, que ficaram 60 dias na Vila Militar.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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