terça-feira, 30 de julho de 2013

A galeria da blasfêmia: pinturas escondidas na Fundação Sarney retratam integrantes da Famiglia fantasiados de religiosos

Para abrigar alguns badulaques e quinquilharias que lembram a passagem do patriarca pela Presidência da República, a Famiglia que há 50 anos suga, sangra e sufoca o Maranhão decidiu criar a Fundação José Sarney. 

Para que a entidade se instalasse num endereço à altura do poderio do clã, o mais ilustre maranhense expropriou o Convento das Mercês. 

Foi assim que uma relíquia da arquitetura colonial virou sede do bando chefiado pelo pai-da-pátria a quem os comparsas se referem pela alcunha famosa: Madre Superiora.

A descoberta do acervo de maracutaias que reduziram um convento a cabaré secou a cachoeira de donativos suspeitíssimos e verbas federais irregulares que sustentavam a Fundação (e engordavam as contas bancárias dos novos proprietários, começando pelo senador do PMDB promovido por Lula a Homem Incomum). 

Em vez de correr atrás do prejuízo, o pai da governadora ordenou que a conta fosse repassada aos moradores da capitania hereditária. E Roseana Sarney incorporou ao patrimônio público a instituição privada em apuros.

Não é pouca coisa. Mas não é tudo, avisou neste domingo a espantosa reportagem da Folha de S. Paulo sobre como andam as coisas no antigo convento. 

Numa sala fechada à visitação pública, o jornalista Reynaldo Turollo Jr. encontrou cerca de 30 quadros que mostram integrantes da Famiglia Sarney, agregados e políticos aliados com trajes e adereços religiosos. Parece mentira? Veja a galeria publicada pelaFolha. E leia as informações que acompanham cada pintura.


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(Crédito: Reynaldo Turollo Jr.)

José Sarney, por exemplo, contempla a eternidade fantasiado de cônego. Sua mulher, Marli, capricha na pose de freira. Edison Lobão, alojado por Madre Superiora no Ministério de Minas e Energia, não sabe direito se é frade ou monge. Roseana, Zequinha e Fernando também aparecem paramentados para a missa negra. 

Todos têm o olhar confiante de quem garantiu a aprovação no Dia do Juízo Final com a compra de indulgências plenárias no mercado paralelo.

O Brasil sabe há muito tempo o que essa turma faz para transformar o Maranhão num inferno sobre a terra. Acaba de saber que os pecadores sem remorso resolveram debochar do Reino dos Céus. Não temem a Justiça divina porque nunca temeram a Justiça dos homens.

Augusto Nunes/Veja

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