sexta-feira, 2 de agosto de 2013

PT e PMDB, um casamento que já chegou ao fim

Maiores aliados no Congresso Nacional, o PT e o PMDB caminham hoje para um rompimento inevitável. 

Mesmo com a reafirmação pública, de líderes de ambos os lados, de que a parceria será mantida em 2014, a chance de se repetir a chapa formada pela presidente Dilma Rousseff e o vice – além de presidente do PMDB – Michel Temer é cada vez mais remota.

Os próprios partidos se mostram divididos: ao mesmo tempo em que o presidente do PT, Rui Falcão, reafirma em nota que a aliança do PMDB é "prioritária", assim como a reedição da chapa de Dilma e Temer nas próximas eleições, o petista Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, acredita que a parceria já é mais problema que solução e que já deu o que tinha que dar.

O mesmo ocorre com o PMDB. Michel Temer, que como presidente da legenda, também já confirmou parceria com os petistas para 2014, vem sendo cobrado por parlamentares do partido e já viu declarações públicas contra o governo de peemedebistas insatisfeitos, como o líder na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), sempre disposto a ir contra o que pensa o Planalto.

De um lado, o PMDB enxerga desprezo da presidente Dilma pelo Congresso e pelos aliados. Prova disso é um questionário elaborado pelo partido a fim de colocar no papel as insatisfações de seus filiados e avaliar se a aliança com os petistas vale realmente a pena ou não. Já o Planalto enxerga uma relação política que custa caro demais ao País.

Exemplo claro é a indicação, pelo PMDB, do ministro Moreira Franco para a Secretaria Nacional da Aviação Civil. Como tem divulgado o 247, Moreira Franco vem demonstrando uma relação perigosa com a empreiteira Odebrecht, para a qual já liberou um aporte de R$ 1 bilhão e onde seu filho já foi de trainee a diretor num período de cinco anos. 

Além disso, o edital elaborado pela pasta para a concessão de aeroportos deve favorecer a companhia, como avalia o colunista da Folha de S.Paulo Janio de Freitas.

Há ainda as pressões do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Numa entrevista à Folha de S.Paulo, Alves defendeu sem pudores o corte de 14 pastas no governo, proposta que foi vista com muito maus olhos pela presidência. 

Em conversa a portas fechadas com o ex-presidente Lula, em Salvador, Dilma se mostrou bastante insatisfeita com o comportamento do "aliado".

Um provável motivo para que a relação entre os partidos tenha esfriado é a desconfiança de traição, por ambos os lados. O PT desconfia que o PMDB tentará tirar tudo o que pode dessa aliança para, no fim, trair o partido apoiando o tucano Aécio Neves. 

Na outra ponta, o PMDB desconfia que o PT pode se aproximar de alianças mais à esquerda, a exemplo do PSB, de Eduardo Campos.

A questão é que, mesmo que alguns membros acreditando que a aliança entre PT e PMDB ainda vale a pena, a relação já desgastou.

Brasil 247

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