quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Dilma precisa escalar melhor os ministros do Trabalho

Não há dúvida que a presidente Dilma Rousseff precisa escalar melhor os ministros do Trabalho de seu governo, como comprovam os episódios que culminaram com a demissão de Carlos Lupi e, anteontem, com a operação da Polícia Federal que começou com a prisão de vinte e duas pessoas acusadas de serem responsáveis pelo desvio de 400 milhões de reais. 

Segundo as reportagens de O Globo (autoria de Ezequiel Fernandes) e da Folha de São Paulo (Paulo Peixoto e Fernanda Odila), o secretário executivo (segunda pessoa da pasta) Paulo Roberto Pinto, foi forçado a depor, em Brasília na sede da PF. Um escândalo.

Verbas do Ministério do Trabalho, no montante de 400 milhões de reais, ao longo dos últimos cinco anos, foram estranhamente destinadas ao Instituto Mundial – vejam só o nome – do Desenvolvimento e da Cidadania, presidido por Deivson Vidal, que foi preso. Como recibos, notas falsas pela prestação, não menos falsa, de serviços de aprendizagem profissional. 

O ministro Manoel Dias, ao que parece, foi ultrapassado pelos fatos, pois o esquema de corrupção vem de longe. Ele não conseguiu desmontá-lo. Deve pedir demissão ou ser demitido pela presidente da República.

Sua ultrapassagem revela fraqueza como administrador, enquanto sob o ângulo político, em vez de somar positivamente para o governo que integra, ao contrário, contribui para prejudicar a candidatura à reeleição de Rousseff. 

Porém o aspecto negativo mais importante é que o Ministério do Trabalho, antigamente uma pasta extremamente importante, hoje encontra-se no plano da desimportância, somente se destacando na imprensa pela sequência de escândalos que o rebaixam.

IMPRODUTIVO

Tornou-se improdutivo, o que é espantoso, já que a mão de obra ativa do país abrange 100 milhões de pessoas, em números redondos, correspondendo à metade da população brasileira. 

Tem a seu cargo manter os pagamentos do seguro-desemprego, aplicação de recursos no FGTS, entre os quais o FAT, Fundo de Assistência ao Trabalhador.

Além de fiscalizar o pleno cumprimento da CLT, normatizar o trabalho dos empregados domésticos e tem ainda como obrigação orientar os cursos profissionalizantes e fiscalizar as condições do trabalho insalubre e de risco.

Enfim, um elenco enorme de atividades as quais, pela omissão, foram, como se percebe, conduzidas a ponto morto. O MT possui extraordinária importância. Mas não atua na dimensão e na produtividade que a realidade nacional exige. 

Que fim levou, por exemplo, o Cadastro Nacional do Trabalho, através do qual é possível recolocar mais facilmente no mercado os trabalhadores que perderam a colocação? Isso é socialmente fundamental num país como o nosso de elevada rotatividade de mão de obra.

Saber escalar bem a equipe é algo importantíssimo para um presidente da República. São tantas as demissões que aconteceram até agora no governo Lula e na atual administração, que, por elas, vê-se o grau dos erros cometidos. 

Um dos equívocos, apenas para lembrar, a nomeação, por Lula, de Luiz Paulo Conde para presidente de Furnas por indicação partidária do deputado Eduardo Cunha. Foi um desastre. O olha que Furnas, hoje comandada por Flávio Decat, é a segunda maior estatal do país. Decat é um técnico competente, íntegro e construtivo. Qualidades que devem ser exigidas das indicações partidárias.

O CASO DE FURNAS

Por falar em Furnas e mercado de trabalho, a Folha Dirigida publicou ontem matéria focalizando a necessidade da presença de força de trabalho nessa empresa. 

Tanto assim que essa empresa não pode substituir os poucos terceirizados que possui em seu quadro (são cerca de 1.500, a Petrobras tem 105.000), pois isso colocaria em risco tanto a produção de energia elétrica do país quanto a segurança do próprio sistema. O consumo brasileiro em agosto, por exemplo, atingiu 62,6 mil MW.

Deste total, com apenas 6.300 servidores, Furnas produziu e transportou de Itaipu para o universo brasileiro 41%. Em matéria de produtividade por fração de empregado, o desempenho de Furnas é excepcional, já que seu trabalho é muito grande e seu quadro pessoal muito pequeno.

Pedro do Coutto

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