quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Para PSB, "Ciro sofre crise de identidade política"

Eduardo Campos e os irmãos Gomes
As declarações que o ex-ministro Ciro Gomes deu a respeito da pré-candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e sobre o próprio PSB ao comunicar a sua saída das fileiras do partido socialista pegaram de surpresa a direção da legenda. “Fomos surpreendidos com a agressividade do Sr. Ciro Gomes. 

Acredito que não deva haver resposta agressiva, como pedir os mandatos de volta. Ele (Ciro) deve estar com crise de identidade política, já que o PSB é o 6º ou 7º partido pelo qual ele passa. 

Vamos desejar boa sorte em mais uma legenda para onde ele vai. Não vamos discutir com alguém em crise. Isso passa. Para nós isso já é coisa do passado”, afirmou o secretário geral do PSB, Carlos Siqueira.

As declarações feitas por Ciro Gomes vieram na esteira das reuniões realizadas, tanto pela Executiva Nacional como pelo diretório estadual do PSB no Ceará. Na primeira, a discussão foi sobre o enquadramento da ala contrária aos planos nacional do partido em lançar o nome de Campos à Presidência da República. 

Na segunda, a convocação foi feita pelo irmão de Ciro, o governador Cid Gomes, que reuniu o seu grupo político para decidir o rumo político que tomaria após a sua saída do partido. Ciro, que atualmente é secretário de Saúde na gestão do irmão, já havia adiantado que o acompanharia para onde ele fosse. 

Com a saída dos Ferreira Gomes do PSB, o partido deverá ficar enfraquecido no Ceará. Cid e Ciro Gomes levam junto consigo pelo menos 38 prefeitos, dez deputados estaduais, quatro deputados federais e cerca de 200 vereadores.

Apesar das defecções, Siqueira observa que o PSB não deverá radicalizar, pedindo a retomada dos mandatos dos que acompanharem os irmãos Ferreira Gomes no ingresso em um novo partido, provavelmente o recém-criado Pros ou mesmo o PT. 

Segundo ele, a situação também não é tão grave como aparenta. “Temos várias alternativas aos Ferreira Gomes. O nosso partido vai fechar com a saída deles. Estamos cuidando disso. Temos companheiros históricos do PSB no Ceará que se encaixam perfeitamente neste processo”, afirmou.

Não é de hoje que o PSB vinha trabalhando com a hipótese de uma saída do clã Gomes das fileiras do partido. Tanto Cid como Ciro sempre defenderam a permanência da legenda na base governista e o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), indo de forma contrária a posição majoritária do partido, que ter uma candidatura própria ao Planalto nas próximas eleições. 

Com a devolução dos cargos que a sigla ocupava na máquina federal, os irmãos Gomes perderam o comando da Secretaria Especial de Portos, cujo gestor, Leônidas Cristino, era uma indicação pessoal de Cid. 

A gota d’água, porém, teria sido o convite feito pelo PSB para que a petista e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, ingressasse nas fileiras socialistas como candidata ao Governo do Estado já em 2014. Luizianne é um dos maiores desafetos políticos dos Gomes no Ceará.

Enquanto Cid tentava uma saída negociada, para evitar algum tipo de retaliação ao seu grupo político, como a retomada dos mandatos pelo partido, Ciro usou a sua verborragia para qualificar a manobra como uma “canalhice” e cobrar de Campos “lealdade, decência e correção moral”. 

“Há muito se especulava sobre a saída dos irmãos Ferreira Gomes. Eles têm o direito de ter opinião diferente da esmagadora maioria do partido. Também têm o direito de sair, assim como entraram, por livre e espontânea vontade. Mas também não tínhamos obrigação de ficar esperando por um desfecho que nunca foi negado por eles. Então temos que buscar alternativas. Eles (os Gomes) passarão, mas o partido fica”, disparou Siqueira. Ele não confirmou se o PSB teria mesmo convidado a petista Luizianne Lins para ingressar no PSB.

Na avaliação do secretário geral do PSB, os planos nacionais do partido não serão prejudicados com mudança em curso no atual quadro político cearense. Eleição presidencial não é apenas palanque. 

"Em 1989 Ulisses Guimarães foi candidato a presidente por um dos partidos mais fortes, o PMDB, e teve à sua disposição 27 palanques e acabou em 4º ou 5º lugar. Vamos recompor as forças de forma tranquila. Temos bons quadros para isso”, disse.

Brasil 247

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