Um dos momentos mais críticos da longa sessão de votação da MP dos Portos ocorreu por volta das 7h: sem perspectiva de que o quórum fosse atingido após uma madrugada inteira de trabalhos, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que encerraria a sessão em meia hora se o número mínimo de 257 parlamentares presentes não fosse exibido no painel do plenário.
Conforme o tempo passava, ficou evidente que o quórum não seria alcançado, o que significaria uma vitória da oposição. Os líderes do PT, José Guimarães (PT-SP), e do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), jogaram a toalha: acreditavam que não haveria presença suficiente.
A sessão deveria ser interrompida e, eventualmente, retomada horas mais tarde – o que tornava mais improvável a apreciação do texto pelo Senado em tempo hábil.
Foi o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), em contato constante com as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann, quem insistiu com Alves, de forma privada, para que a sessão fosse mantida até que a presença em plenário atingisse a marca necessária.
O peemedebista aceitou e manteve a sessão em funcionamento. A oposição protestou, afirmando que Alves descumprira a palavra. O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) subiu à Mesa Diretora e rasgou uma cópia do regimento da Câmara. Mas não adiantou.
No esforço para encher o plenário, José Guimarães chegou a ordenar que o carro da liderança do PT fosse usado para buscar sonolentos deputados em casa.
Com o nascer do dia, os parlamentares que chegavam à Câmara passaram a ser mais numerosos do que os que saíam: o quórum se estabilizou a votação da MP foi concluída.
Maquiavel/Gabriel Castro, de Brasília
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