domingo, 9 de junho de 2013

Assassinato da juíza e crimes contra a mulher

O desembargador Orlando Perri disse
que não haverá descanso enquanto o
homicida não for punido pela Justiça
Ao lamentar o assassinato da juíza Glauciane Chaves de Melo, da Comarca de Alto Taquari (MT), o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Nelson Calandra, voltou a enfatizar a necessidade de reforçar o controle de segurança em todos os fóruns.

“A Magistratura brasileira mais uma vez se sente constrangida e ferida pelo bárbaro assassinato da colega Glauciane Chaves de Melo”, disse Calandra.

“A segurança interna daquele fórum em que pese toda a preocupação do Presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, Desembargador Orlando Perri, falhou permitindo que alguém armado, no caso o ex-marido da Juíza, acabasse por adentrar no Fórum e retirar de uma forma covarde a vida da nossa colega”.

A Vice-Presidente de Direitos Humanos da AMB, Renata Gil, lembrou que, na semana passada, na Câmara dos Deputados, a AMB protagonizou um seminário sobre o Femicídio. A entidade apoia a proposta legislativa de criminalização do assassinato de mulheres pela condição de mulher.

“Este ato foi organizado para robustecer a articulação interinstitucional para que o Brasil tenha dados estatísticos e adote políticas de estado de enfrentamento a esse tipo de violência, como países irmãos já fizeram”, explicou Renata Gil.

“É lamentável que um fato de tamanha gravidade possa acontecer com uma mulher, e nesse caso, com uma Magistrada, no seu local de trabalho. Isso é motivo de muita tristeza, luto e reflexão”, disse a desembargadora Sérgia Miranda, Diretora da Secretaria de Assuntos da Mulher Magistrada da AMB.

“É lamentável o que aconteceu com a colega Glauciane”, disse a Juíza Ana Cristina Silva Mendes, titular da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá (MT). 

“É preciso que estejamos extremamente vigilantes. Vamos continuar a trabalhar nessa mudança de comportamento e de cultura. Analisando os vários aspectos da violência contra a mulher, de modo que possamos estar preparados e não desprezar o menor indício de que essa violência possa estar nos acometendo”, disse a magistrada.

Segundo informa o site da AMB, durante o debate realizado na Câmara dos Deputados, a juíza Ana Cristina havia afirmado: “Ameaças, constrangimentos e lesões corporais de natureza leve têm de ser punidos para evitar crimes mais graves, como o homicídio. Só dessa maneira, nós, operadores do Direito, não seremos meros expectadores de uma tragédia anunciada.”

“Estou chocada com a morte da Juíza, por ser ela uma mulher muito jovem e pela luta que deve ter enfrentado para se preparar para a Magistratura. A Juíza só tinha um ano de atuação. Era uma pessoa cheia de planos e projetos. 

Isso mostra que a violência de gênero não tem classe social. Nós temos de avançar muito. O agressor conhecia muito bem o dia a dia dela escolheu matá-la dentro do fórum porque sabia que ali era o lugar de maior vulnerabilidade”, afirmou a juíza Adriana Santana, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso.

Frederico Vasconcelos/Folha de são paulo

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