domingo, 16 de junho de 2013

Época abraça Fernando Henrique Cardoso e pede que Dilma beije a cruz

Por incrível que pareça, quando se trata de economia, a revista Época, semanal da Editora Globo, consegue estar à direita de Veja. E, em matéria de sutileza, ambas se igualam. 

Em seu editorial desta semana, que abre a publicação, a revista nem se preocupa em disfarçar seu alinhamento automático com as posições do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, regente maior da oposição. 

No Brasil de hoje, é FHC quem dá o grito de guerra, que logo se espalha por editoriais de jornais e colunas políticas e econômicas.

Duas semanas atrás, no artigo Beijar a Cruz , o ex-presidente propôs que a presidente Dilma Rousseff abraçasse de vez o receituário ultraortodoxo na economia, aumentando ainda mais os juros e promovendo um duro arrocho fiscal. 

Neste fim de semana, Época indaga: "Quando Dilma beijará a cruz?" E responde: "Já passou da hora de ela reavaliar os erros de sua gestão na economia". No texto, a revista prossegue: "chegará uma hora em que a presidente Dilma terá de beijar a cruz em relação aos erros de seu governo na gestão da economia".

Ou seja: embora o desemprego no Brasil seja o menor da série histórica do IBGE, Época gostaria que Dilma viesse a público, em cadeia nacional de rádio e televisão, e dissesse: "Gente, foi mal, fracassei". 

Mais do que isso, a revista propõe em seu editorial que a presidente abrace o mesmo receituário proposto por FHC: juros ainda mais altos e um duro pacote fiscal. Talvez porque o aumento do desemprego e uma eventual recessão sejam as esperanças da oposição para vencer em outubro de 2014.

O problema (para Época) é que Dilma, no cada vez mais comentado discurso do Velho do Restelo, já avisou que não cairá no conto do vigário, seguindo a voz de conselheiros interessados justamente no seu fracasso. E a revista Globo sabe disso. 

"Enquanto a reeleição estiver na mira prioritária do Planalto, o mais provável é que Dilma continue a se negar a beijar a cruz de um ajuste fiscal firme, a cada dia mais necessário para reequilibrar a economia brasileira".

Brasil 247

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