terça-feira, 18 de junho de 2013

Ex-aliado, PT sente impacto dos protestos em SP

O prefeito Fernado Haddad em Sessão 
Extraordinária do Conselho da Cidade, 
nesta terça-feira 
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Em meio à série de protestos liderados pelo Movimento Passe Livre (MPL), pela primeira vez pestistas de São Paulo começaram a emitir sinais de que o governo municipal sofreu o impacto da pressão popular. 

Integrantes do partido já indicam preocupação com os futuros resultados eleitorais da legenda na capital paulista. 

Nesta terça-feira, 18, na Câmara Municipal paulistana, a bancada de vereadores petistas, principal esteio da administração de Fernando Haddad (PT) na Casa, era só elogios aos manifestantes. Alguns parlamentares chegaram a relatar com entusiasmo como passaram a engrossar as fileiras dos protestos. 

"Participei dos protestos e quero elogiar o movimento", disse nesta terça, em discurso, Juliana Cardoso (PT), em uma explícita mudança de tom. Na semana passada, o líder do PT, Alfredinho, chamou os manifestantes de "arruaceiros", e Arselino Tatto, irmão do secretário de Transportes de Haddad, Jilmar Tatto, fez duros ataques ao MPL.

Durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), entre 2006 e 2012, o PT manteve boa relação com o MPL e até ajudou a organizar protestos contra aumento das tarifas. 

Na época, o então vereador Antônio Donato, hoje secretário de Governo de Haddad, era um dos entusiastas do movimento e se transformou, junto com José Américo (PT), em uma espécie de porta-voz informal do MPL na Câmara. Ambos representaram o movimento em uma reunião, em 2011, com técnicos da gestão Kassab e líderes do MPL.

Na segunda-feira (17), Donato recebeu membros do MPL e se comprometeu a aproximar o movimento e a administração municipal. Os sinais de reaproximação com o movimento foram dados antes dos tumultos na entrada da Prefeitura de São Paulo, no início da noite desta terça.

A senha para a mudança de direção fora dada mais cedo, pelo próprio prefeito. Haddad afirmou, no início da tarde, que a decisão sobre a tarifa "é política", ecoando o principal argumento dos líderes do MPL quando são confrontados com dados técnicos e financeiros do sistema de transportes de São Paulo.

"Com o povo na rua fica mais fácil para o senhor argumentar com os empresários (das empresas de transporte)", afirmou Mayara Vivian, uma das líderes do MPL que participou da reunião com o prefeito.

Haddad se encontrou com Dilma e Lula no início da noite, justamente no momento em que os manifestantes tentavam invadir a prefeitura. Eles, segundo informou a EPOCA um assessor do prefeito, reuniram-se numa sala reservada do aeroporto de Congonhas. 

A presidente estuda reduzir impostos, estaduais, municipais e federais, que possibilitem a redução da tarifa. De acordo com apuração de ÉPOCA, essa, na visão da cúpula petista, seria a melhor maneira de começar a "esvaziar" os protestos. Mas há uma vertente no PT e no governo que defende o contrário: a criação de novos encargos que pudessem bancar a diminuição do valor. 

O vereador Mario Covas Neto (PSDB), da bancada de oposição a Haddad, disse que os petistas da Câmara estão "constrangidos" com os protestos. Ele afirmou que os tucanos são contra a redução da tarifa e estão "solidários" ao prefeito porque o reajuste (de R$ 3,00 para R$ 3,20) foi abaixo da inflação. 

"A questão não é o reajuste, mas saber se o valor que a prefeitura está repassando para as empresas é compatível com os custos ou se está cima deles" , afirmou.

Apesar dos ensaios de reaproximação entre os petistas e o MPL, no protesto realizado em no centro de São Paulo, as bandeiras dos partidos foram hostilizadas pelos manifestantes, que gritavem "sem partido, sem partido".

Época

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