O prefeito Fernado Haddad em Sessão Extraordinária do Conselho da Cidade, nesta terça-feira (Foto: Reprodução/TV Globo) |
Em meio à série de protestos liderados pelo Movimento Passe Livre (MPL), pela primeira vez pestistas de São Paulo começaram a emitir sinais de que o governo municipal sofreu o impacto da pressão popular.
Integrantes do partido já indicam preocupação com os futuros resultados eleitorais da legenda na capital paulista.
Integrantes do partido já indicam preocupação com os futuros resultados eleitorais da legenda na capital paulista.
Nesta terça-feira, 18, na Câmara Municipal paulistana, a bancada de vereadores petistas, principal esteio da administração de Fernando Haddad (PT) na Casa, era só elogios aos manifestantes. Alguns parlamentares chegaram a relatar com entusiasmo como passaram a engrossar as fileiras dos protestos.
"Participei dos protestos e quero elogiar o movimento", disse nesta terça, em discurso, Juliana Cardoso (PT), em uma explícita mudança de tom. Na semana passada, o líder do PT, Alfredinho, chamou os manifestantes de "arruaceiros", e Arselino Tatto, irmão do secretário de Transportes de Haddad, Jilmar Tatto, fez duros ataques ao MPL.
Durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), entre 2006 e 2012, o PT manteve boa relação com o MPL e até ajudou a organizar protestos contra aumento das tarifas.
Na época, o então vereador Antônio Donato, hoje secretário de Governo de Haddad, era um dos entusiastas do movimento e se transformou, junto com José Américo (PT), em uma espécie de porta-voz informal do MPL na Câmara. Ambos representaram o movimento em uma reunião, em 2011, com técnicos da gestão Kassab e líderes do MPL.
Na segunda-feira (17), Donato recebeu membros do MPL e se comprometeu a aproximar o movimento e a administração municipal. Os sinais de reaproximação com o movimento foram dados antes dos tumultos na entrada da Prefeitura de São Paulo, no início da noite desta terça.
A senha para a mudança de direção fora dada mais cedo, pelo próprio prefeito. Haddad afirmou, no início da tarde, que a decisão sobre a tarifa "é política", ecoando o principal argumento dos líderes do MPL quando são confrontados com dados técnicos e financeiros do sistema de transportes de São Paulo.
"Com o povo na rua fica mais fácil para o senhor argumentar com os empresários (das empresas de transporte)", afirmou Mayara Vivian, uma das líderes do MPL que participou da reunião com o prefeito.
Haddad se encontrou com Dilma e Lula no início da noite, justamente no momento em que os manifestantes tentavam invadir a prefeitura. Eles, segundo informou a EPOCA um assessor do prefeito, reuniram-se numa sala reservada do aeroporto de Congonhas.
A presidente estuda reduzir impostos, estaduais, municipais e federais, que possibilitem a redução da tarifa. De acordo com apuração de ÉPOCA, essa, na visão da cúpula petista, seria a melhor maneira de começar a "esvaziar" os protestos. Mas há uma vertente no PT e no governo que defende o contrário: a criação de novos encargos que pudessem bancar a diminuição do valor.
O vereador Mario Covas Neto (PSDB), da bancada de oposição a Haddad, disse que os petistas da Câmara estão "constrangidos" com os protestos. Ele afirmou que os tucanos são contra a redução da tarifa e estão "solidários" ao prefeito porque o reajuste (de R$ 3,00 para R$ 3,20) foi abaixo da inflação.
"A questão não é o reajuste, mas saber se o valor que a prefeitura está repassando para as empresas é compatível com os custos ou se está cima deles" , afirmou.
Apesar dos ensaios de reaproximação entre os petistas e o MPL, no protesto realizado em no centro de São Paulo, as bandeiras dos partidos foram hostilizadas pelos manifestantes, que gritavem "sem partido, sem partido".
Época
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