sexta-feira, 28 de junho de 2013

UNE e Ubes mostram a cara, enfim, em ato próprio.

Beijaço
Após ficarem de fora dos protestos que tomaram conta do país nas últimas semanas, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) organizaram ontem em Brasília sua própria manifestação. 

Nas estimativas da Polícia Militar (PM), cerca de duas mil pessoas - a maioria estudantes de escolas públicas de Brasília - participaram do protesto, que saiu do Museu da República e foi até o gramado em frente ao Congresso Nacional. O ato contou até com um "beijaço".

Os manifestantes querem que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do pré-sal sejam destinados à Educação pública. Além disso, eles pedem o passe livre estudantil.

A presença de políticos, partidos e movimentos sociais tradicionais como a UNE sofre resistência de manifestantes que vêm participando dos protestos das últimas semanas. A UNE é dominada pela União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB. 

No protesto de ontem, houve contra-ataque. Os senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foram se encontrar com os manifestantes. Inácio Arruda chegou até mesmo a fazer um breve discurso. Ele fez uma referência à expressão "o gigante acordou", bastante usada para caracterizar o movimento que saiu às ruas nas últimas semanas.

- É a turma (manifestantes da UNE e da Ubes) que nunca dormiu. Sempre esteve na luta - disse o senador.

Virgínia Barros, do PCdoB,
presidente da UNE
Indagada pela imprensa sobre se a entidade estaria entrando muito tarde nas manifestações, a presidente da UNE, Virgínia Barros, respondeu:

- A UNE está nas ruas há 76 anos e participando dos protestos no país. Este ato é para destacar a bandeira da Educação.

Na manifestação, havia muitas bandeiras da UNE, da Ubes e da UJS. Havia também quatro carros de som. A concentração começou por volta das 9h. Ao meio-dia, os manifestantes começaram a se retirar da Esplanada e, por volta das 13h, não havia mais ninguém. No começo do protesto, um locutor em um dos carros de som chegou a dizer:

- Atenção, companheiros, vamos chegar mais perto e fazer a tradicional invasão do espelho d"água do Congresso.

Os manifestantes atenderam ao pedido e entraram no espelho d"água, onde houve até mesmo um beijo entre manifestantes do mesmo sexo. 

Além das causas relacionadas à Educação, eles protestavam contra o projeto conhecido como "cura gay", aprovado este mês na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP). 

A proposta derruba trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que impede os psicólogos de "tratarem" homossexualidade como doença. Os manifestantes pediam também a saída de Feliciano da comissão.

Outra reivindicação dos participantes do protesto era a realização de uma reforma política acabando com o financiamento privado nas campanhas eleitorais. Segundo eles, isso ajudaria a combater a corrupção no país. Havia ainda um pedido pela "democratização dos meios de comunicação".

Cerca de dez integrantes da UNE foram recebidos pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os estudantes afirmaram não ser favoráveis ao movimento Fora Renan, que surgiu em meio às manifestações nas ruas.

Segundo Virgínia, a UNE prefere "não discutir a partir de casos isolados, mas de forma ampla, no âmbito da reforma política".

A presidente da UNE afirmou que a pauta de reivindicações é composta por cinco itens, sendo que a prioridade do grupo é a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Congresso desde 2010. 

A disputa para aumentar o percentual do PIB destinado ao financiamento da Educação foi um dos motivos que levaram ao atraso da apreciação da matéria.

- Na próxima quarta-feira, vamos ocupar o Congresso para pressionar pela aprovação do PNE. O presidente Renan se comprometeu a acelerar a tramitação do projeto. E nós queremos os 10% do PIB para a Educação, como previa o relatório da Câmara - afirmou Virgínia.


O Globo

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