segunda-feira, 29 de julho de 2013

A paz com hora marcada

Joaquim Barbosa
O fim da guerra petista contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, tem data certa para acabar: 6 de outubro. 

A partir deste dia, Barbosa pode comprar apartamento de quarto e sala sem que ninguém diga que é suntuoso, pode viajar em avião comercial sem que ninguém o acuse de usar jatinho, pode até mandar para a cadeia (aí com um pouco de esperneio) os réus condenados do Mensalão. 

Em 6 de outubro, não estando filiado a nenhum partido, Joaquim Barbosa deixa de ter condições de disputar a Presidência da República. Como não será mais ameaça a Dilma e ao PT, volta a ser bom sujeito.

Toda a campanha contra Barbosa, iniciada quando conduziu o processo do Mensalão, ganhou fôlego quando conselheiros do PT o identificaram como possível candidato à Presidência. 

É bobagem: Barbosa já disse que não quer, sua postura arrogante, prepotente, é um obstáculo a qualquer articulação política, o partido que resolver engoli-lo sabe que subir com ele não implica dividir o poder. 

Mas, por via das dúvidas, dá que ele mude de ideia e algum partido esteja disposto a tudo para chegar ao Governo, toca a acusá-lo (escândalo!) de gostar de futebol e de comer pipoca quando assiste à TV. 

O racismo nada velado, coisa nojenta, quase inacreditável, como o que apareceu explícito no Blog da Dilma (que não é da presidente, mas existe para apoiá-la), voltará aos disfarces de sempre.

Surgirão, a partir daí, as campanhas contra Aécio, Eduardo Campos, Marina Silva. Teremos um ano interessante.

Para quem gosta, um prato cheio.


O mistério dos vândalos

Rapazes com celulares, gravando manifestações, são agredidos por policiais e presos. Manifestantes até então pacíficos foram atacados por policiais quando quiseram dirigir-se a uma área não permitida. Já vândalos que atacaram lojas, destruíram sinais de trânsito, lixeiras públicas, portas de estação do Metrô e orelhões, puseram fogo em ônibus, estes agiram à vontade.

Os fatos do Rio – a Polícia prendeu um rapaz que gravava as manifestações e o acusou mentirosamente de transportar coquetéis Molotov; um vândalo flagrado atirando coquetéis Molotov e correndo para os policiais, trocando de roupa e ficando entre eles – abre campo para uma terrível conclusão: a de que está havendo infiltração de agentes oficiais no meio das manifestações, com prática de atos que levem a opinião pública a condenar os manifestantes e apoiar o uso da força contra eles.


O fim do filme

Não é só isso: um casal de vândalos disse à Polícia que trabalhava para a Abin, Agência Brasileira de Inteligência, órgão do Governo Federal. Pode ser mentira – e esperemos que seja mentira (a Abin desmente, mas teria de desmentir em qualquer circunstância). Ações agressivas de agentes provocadores são devastadoras para a estabilidade do regime.

E no fim deste filme todos perdemos.

Carlos Brickmann - Jornalista e consultor de comunicação.

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