sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Conselho Federal de Medicina agora quer que Polícia Federal investigue erros na inscrição

O Conselho Federal de Medicina (CFM) informou ontem que vai solicitar à Procuradoria Geral da República e à Polícia Federal que investiguem os relatos de vários médicos brasileiros que disseram ter enfrentado problemas no sistema de inscrição do programa Mais Médicos, no site do Ministério da Saúde. 

Há ainda a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça. Segundo o conselho, o principal problema ocorreu na acentuação dos nomes e na posterior comparação entre os dados do CFM e da Receita Federal.

- O problema maior é que eles (do governo) utilizaram um sistema que não reconhece acentos e cria uma diferença entre maiúsculas e minúsculas. Ou seja, José Roberto, escrito de uma maneira, José com acento, Roberto com R maiúsculo, o sistema determinava que aquela inscrição estava inválida - disse o presidente do CFM, Roberto d"Ávila.

Na última segunda-feira, o Ministério da Saúde explicou que houve alguns casos em que o nome do médico não batia com os dados da Receita, resultando na mensagem "CRM inválido", ou seja, sem registro válido no Conselho Regional de Medicina (CRM). 

Isso poderia ocorrer quando, em um desses bancos de dados, um dos nomes do profissional está abreviado, aparecendo apenas a inicial. Segundo o ministério, quem procurou a pasta até o domingo teve o problema resolvido. Quem não fez isso terá que esperar o próximo processo de adesão, que começa em 15 de agosto.

- O que queremos saber é se essa dificuldade foi intencional ou se foi um erro - disse d"Ávila. - O engraçado é que somos nós que temos que consertar as burradas que este governo faz.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as conclusões do CFM. Segundo ele, 90% dos CRMs inválidos continham sequências numéricas como 000 ou 111, o que caracteriza claramente um registro sem validade:

- É uma crítica absolutamente inconsistente e vazia. Só para vocês terem ideia, 90% dos CRMs inválidos preenchidos, o número era zero, zero, zero ou traço, traço, traço; 90% dos CRMs inválidos eram números que não podem ser caracterizados como confusão ou troca de números. 

Mas, a partir de 15 de agosto, estará reaberto o processo de inscrição, e serão muito bem-vindos os médicos brasileiros que queiram atender na periferia das grandes cidades e no interior.

Indagado sobre se esses 90% reforçam a tese de boicote ao programa, Padilha respondeu:

- O que tinha de suspeita e de denúncia, o Ministério da Saúde agiu no que cabia ao Ministério da Saúde. No dia em que recebemos a denúncia, de um movimento que acredito isolado e que não representa a maioria dos médicos brasileiros, e muito menos as entidades médicas, que estimulava a fazer tudo que pudesse ser feito para atrasar, nós encaminhamos à Polícia Federal. E agora é a Polícia Federal que faz seu processo de apuração.

O Globo

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