quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Dilma cresce nas pesquisas e deve subir ainda mais

A Folha de São Paulo publicou na edição de ontem matéria sobre pesquisa realizada pelo Instituto MDA a respeito da avaliação do governo Dilma Rousseff assinalando que o índice de aprovação descera a 31% em julho, cresceu para 38 pontos agora, em setembro. 

Sua avaliação pessoal, no mesmo período, avançou de 49 para 58 pontos. A pesquisa foi feita por encomenda do presidente da Confederação Nacional dos Transportes, senador Clésio Andrade.

No dia 8 de setembro, neste site, publiquei artigo prevendo o avanço, consequência direta da reação à espionagem norteamericana no Brasil que enfocou tanto a vida da presidente quanto a Petrobras. 

O posicionamento de Rousseff, acentuava eu, levou o presidente Barack Obama à defensiva, tanto assim que pediu prazo até ontem, quarta-feira, para fornecer uma explicação pelo menos convincente.

Pelo menos convincente à luz da lógica, já que é impossível desmentir a versão de Edward Snowden, objeto da série de reportagens de Glen Grenwald no jornal inglês The Guardian. Obama foi levado à defensiva junto à opinião pública mundial. 

Pois não tem cabimento um presidente da República pedir na sexta-feira prazo até quarta da outra semana para elaborar um painel de respostas. Dilma marcou pontos. 

Alguns leitores da Tribuna da Imprensa acharam que o assunto espionagem na Petrobras não era importante, algo rotineiro. Não fosse relevante, afirmo eu, não teria sido primeira página no New York Times, o jornal mais importante do mundo.

Na realidade tão importante o assunto é, que repercutiu imediatamente na avaliação, tanto do governo, quanto na esfera pessoal de Dilma Rousseff. Analisando pesquisas há muitos anos, desde o tempo do Correio da Manhã, e depois no Jornal do Brasil, minha experiência indica que a presidente brasileira vai subir ainda mais. 

É sempre assim: um fato impactante não esgota o reflexo que produz em pouco tempo. Demora cerca de duas a três semanas para ser absorvido pela opinião pública. 

Mede-se a repercussão, inclusive, com base no espaço que o tema ocupa nos grandes jornais (O Globo, Folha de São Paulo, Valor, Estado de São Paulo) e nas conversas entre as pessoas. O efeito positivo da atitude que tomou continuará até o final do mês.

O Instituto MDA estendeu seu levantamento à sucessão presidencial. Hoje, Dilma lidera com 36,4 pontos; Marina Silva em segundo com 22,4; Aécio Neves tem 15% e Eduardo Campos registra 5,2%. Os números indicam segundo turno. 

Mas isso, na minha opinião, depende de Marina Silva conseguir ou não viabilizar sua candidatura às urnas de 2014. Se não for candidata, Dilma vence no primeiro. Aécio Neves não avança e ainda corre o risco de ver sua base no PSDB dividida por José Serra se este concorrer pelo PPS.

SENSUALIDADE DA INFORMAÇÃO

Carlos Heitor Cony escreveu um artigo notável na Folha de São Paulo de 10 de setembro (Os espiões saem do frio, inspirado no filme famoso) sobre espionagem, escutas clandestinas, comunicações cifradas, cujos conteúdos terminam invariavelmente revelados. 

É que não existe segredo, na verdade. Como compôs em 47 Herivelto Martins, segredo é para quatro paredes. O verso sinaliza para um fato determinante na vida de todos nós, o que eu chamo de sensualidade da informação. Ela passa de um para outro inevitavelmente. 

Ninguém resiste a deter uma informação importante ou sensível e não transmiti-la. As pessoas sentem-se importantes sendo ouvidas (ou lidas) e agem em função desta realidade. 

Há um prazer intenso na prática da comunicação, que, no fundo, representa um exercício em torno da dualidade entre a informação e a opinião. Comunicar-se e recebe atenção é um prazer intenso. Daí a sensualidade que identifico no processo.

Vejam os leitores o exemplo da arte. O que é o cinema, o teatro a televisão? Nas representações produzidas por autores, atores, localiza-se a sensibilidade da comunicação, impulsionando o desempenho. 

Não fosse a sensualidade da informação, através da imagem, do texto e do contexto, a arte não existiria. Nem a ciência. Nem o jornalismo, único meio capaz de sintetizar e dar acesso coletivo às expressões do talento humano, fonte inesgotável da criação de situações e personagens. 

Todos nós, seres humanos, temos interesse em tudo. A satisfação desse interesse, também por intermédio dos livros, significa um compromisso conosco mesmo. 

Necessitamos eternamente dos outros, do que fazem, do que pensam, do que fabricam, ou do que pensamos sobre a forma de como vão agir. Buscamos nos outros, como escreveu Simone de Bouvoir o reflexo de nós mesmos. 

A sensualidade, de fato, é um espelho que impulsiona a vida humana. Ótimo que seja assim.


Tribuna da Imprensa/Pedro do Coutto

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