segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Senado apura sumiço de toners.

Senado investiga um su­posto esquema de furto de tinta de impressoras por funcionários da Ca­sa que pode alcançar cifra milio­nária. 

O processo administrati­vo, que corre em sigilo, foi aberto depois que terceirizados do Ins­tituto Legislativo Brasileiro (ILB) — órgão de capacitação, pesqui­sa e disseminação de conheci­mentos do Senado — foram en­contrados no Centro Universitá­rio Unieuro, em Brasília, descar­regando caixas cheias de toners de um carro oficial.

O flagrante ocorreu em 29 de janeiro. Os funcionários esta­riam vendendo a terceiros os toners comprados pelo Senado. Um policial militar que passava pelo local achou a cena curiosa e resolveu avisar à PM, que re­passou o fato à Polícia Legisla­tiva do Senado.

A sindicância apura desde quando ocorriam os supostos desvios e está ouvindo, inclusi­ve, um funcionário aposentado do Senado. Há indícios de que o esquema começou em 2008 e envolva mais servidores. O Cor­reio apurou que, somente no caso flagrado, havia cerca de 400 toners, avaliados em pelo me­nos R$ 300 cada. Os dois funcio­nários terceirizados que esta­vam no centro universitário no dia da ação policial foram demi­tidos pelo Senado.

O diretor do instituto na época era Carlos Roberto Stuckert — hoje adjunto do órgão —, que chegou a figurar como um d,os maiores salários do Senado em relatório do Tribunal de Contas da União (TCU). Procurado pelo Correio, ele não quis dar detalhes: "Não estou sendo investiga­do, apenas era chefe quando o fa­to ocorreu"

A investigação interna do Se­nado foi publicada no Boletim Administrativo na semana pas­sada. Uma comissão nomeada pela Casa terá 60 dias para con­cluir um relatório. O ILB oferece cursos para os servidores do Se­nado e de órgãos conveniados (como câmaras municipais e assembleias legislativas) e para a população.

O Senado alegou que, ao sa­ber do ocorrido, "imediatamen­te a Secretaria de Polícia Legis­lativa instaurou inquérito poli­cial para procedimentos de investigação". "Foi determinada a abertura de sindicância, con­forme Portaria do Primeiro-Secretário n° 37/2013. Da sindi­cância, resultou a abertura de processo administrativo disci­plinar", respondeu.

A Casa não liberou resultados preliminares da investigação, sob o argumento de que a Lei de Acesso à Informação "impede a divulgação de processo de fiscali­zação em andamento, respon­dendo o agente pelos danos cau­sados em decorrência da divul­gação indevida ou não autori­zada dessas informações".

O Centro Universitário Unieuro disse que, em ja­neiro, foi procurado pela Polícia Legislativa do Se­nado, que pediu acesso às gravações das câmeras de segurança da ins­tituição. 

De acordo com a assessoria do Unieu­ro, após a verificação dos vídeos, "não foi en­contrada nenhuma ir­regularidade (por parte do centro universitá­rio) "O Unieuro não tem conhecimento des­sas ações ilegais dentro das suas instalações, e nega a compra de mate­rial sem nota fiscal."

Selos

A venda de toners não é o único caso de supostos des­vios investigados pelo Senado. Em junho, a Casa abriu audito­ria para apurar despesas de se­nadores e da área administrati­va com selos. Isso porque a Casa gastou quase R$ 2 milhões com a compra de 1,4 milhão de selos em um ano e quatro meses, mas não sabe o que ocorreu com o material.

Em nota divulgada pela as­sessoria de imprensa em seu si­te, o Senado diz que "somente após a conclusão da auditoria, terá condições de informar o número de postagens e outros serviços solicitados à ECT e os correspondentes custos ante­riores a maio deste ano".

Correio Brasiliense

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